26/02/11

Eusébio vai ter estátua gigante

Numa manhã de maio do ano passado, Armando Ferreira acordou com vontade de realizar um sonho antigo. O escultor começou de imediato a estudar para um dos projetos mais arrojados da sua carreira: homenagear Eusébio da Silva Ferreira.
Alguns meses e esboços depois, apareceu uma maquete em gesso, que demonstra a grandiosidade do conjunto que será de bronze. Eusébio terá 8 a 9 metros de altura, na sua famosa pose de remate, com uma pantera negra a correr ao seu lado, e tudo isto assente numa base circular com 20 metros de diâmetro, que representa a sua fama pelos vários cantos do mundo.
Quem visita o artista em Alpiarça, sejam amigos ou instituições interessadas em apoiar o projeto, não passa indiferente a uma obra que já não está apenas na cabeça do homem que esculpiu José Saramago a ler num banco de jardim, onde o Prémio Nobel convida quem quiser a sentar-se a seu lado na terra onde nasceu, a Azinhaga.
O mestre Armando Ferreira, de 59 anos, é pouco dado a entrevistas ou a fotografias, e gosta de refugiar-se no sujo do gesso do seu atelier, na pacata vila ribatejana onde nasceu. E mesmo tendo transformado Alpiarça na capital da escultura, com várias obras suas espalhadas por todo o lado, não deixa de se manter escondido na sua concha, como gosta de dizer.
Sobre Eusébio, diz ser “uma figura incontornável do país, que precisa de ser homenageado de forma condigna”, e explica: “Se o Marquês do Pombal, que agradou a meia dúzia de pessoas, pode ter uma estátua de 8 metros na principal rotunda de Lisboa, porque é que Eusébio, que fez felizes milhares de famílias portuguesas e agradou a milhões de pessoas por todo o mundo, não pode ter idêntico destaque? Acho que é a da mais elementar justiça que o país o homenageie, ainda por cima quando se comemoram os 50 anos da sua chegada a Portugal”.
Para que uma obra desta grandeza possa avançar, Armando Ferreira precisa de apoios. Tem várias instituições que já lhe garantiram apoio, mas gostava de sentir uma vontade expressa do país, seja ao mais alto nível, seja por intermédio da Câmara Municipal de Lisboa ou por parte do Benfica. E o clube da Luz até já se mostrou naturalmente interessado: “A Câmara de Lisboa e o Eusébio ainda não viram, mas o Benfica já tem conhecimento do projeto e dois dos seus representantes mostraram interesse, mas ainda espero uma resposta do clube, que deveria ser breve. Faz todo o sentido que o clube de sempre do Eusébio esteja de braço dado com isto”. O escultor gostaria de ter o trabalho pronto até ao final do ano e a sua elaboração não lhe levará menos de 8 meses.
Como todos os artistas da sua área, até já tem uma ideia de onde poderia o conjunto ficar instalado: “Ligo esta homenagem a um espaço que diga respeito a tudo e todos. O ideal seria numa daquelas grandes rotundas que ficam próximas do Estádio da Luz, mas também no Parque das Nações ou num outro qualquer espaço digno”.
Além disso, seria cumprir um objetivo de longa data. “O Eusébio e a guerra de África, um pela positiva e a outra pela negativa, foram das coisas mais marcantes da minha vida. Na vida temos momentos para tudo, e achei que agora seria a altura ideal para realizar este sonho. Ele merece mais do que aquela homenagem que lhe fizeram no Coliseu. Tem de ficar para sempre ligado ao país”, revela.
Record

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